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A SINCRONICIDADE E O FUTEBOL


Se você gosta de futebol, não pode deixar de "jogar" essa partida.
Vamos "jogar" essa partida?

Você vai “botafogo” nessa leitura ou vai achar que é fanatismo?

A sincronicidade é um dos conceitos mais complexos e importantes da psicologia analítica. Ela foi proposta por Jung em sua teoria psicológica.

Falei sobre esse tema no artigo escrito em abril do ano passado: “Como eu explico isso?” Inclusive recomendo a releitura para você compreender melhor esse texto.

Esse fenômeno sincronístico embasa a dinâmica e realidade psíquica humana e sua relação com o macrocosmo.

Essa ideia surgiu da observação, por Jung, de eventos que representam uma coincidência significativa.

Mas esse tipo de evento sincronístico é considerado uma coincidência, porque não pode ser explicado pela causalidade e não respeita as leis da probabilidade do acaso.

Ele é observado melhor quando há algo importante para o indivíduo e a coletividade.

Você gosta de futebol?

Byington, idealizador da psicologia simbólica junguiana, dizia que o futebol é um poderoso sistema simbólico de alto valor pedagógico para estruturar a consciência individual e coletiva.

Que o futebol é um grande ritual de alma coletiva, pois através dos jogadores, da bola, da vitória e, mais ainda, da derrota, cada torcedor vivencia de forma simbólica suas emoções.

“Como assim?”

Quem me conhece mais de perto e acompanhou meu instagram, @psimichelbezerra, nestes últimos dias, observou minhas postagens relacionadas ao meu time de futebol, o Botafogo.

“Tá, e daí? Eu não vou cair nessa sua jogada de marketing para te seguir.”

Calma! As postagens que faço nas redes sociais é para que você possa compreender melhor o que eu escrevo, elas estão relacionadas.

O que eu quero te dizer é que o futebol pode te ajudar a saber lidar, de uma maneira mais criativa, consigo mesmo, ou seja, cultivar, educar e guiar as suas emoções, quando seu time ganha, e principalmente quando perde.

Segundo Byington, o futebol é um espetáculo coletivo que se torna ritualístico na medida em que identifica os espectadores com o drama que se desenrola em campo.

“Olha só! Hoje eu estou sem paciência mesmo. Você começou falando da sincronicidade, agora do futebol, e o que tem a ver uma coisa com a outra?”

“Acaba logo com isso!”

Eita impaciência! Certamente você não é torcedor do Botafogo.

Lembre-se: “Não há lugar para a sabedoria, onde não há paciência,” já dizia Santo Agostinho.

Essa identificação, entre sincronicidade e o futebol, é proporcional ao entusiasmo demonstrado pela plateia, no caso deste artigo, em especial ao momento vivido, da torcida do Botafogo.

É a partir dessa identificação que conseguimos observar fatos que podem parecer uma coincidência significativa e para outros, equivocadamente, superstição.

E dentro da psicologia simbólica junguiana, Byington afirma que a realidade psíquica, os arquétipos, os símbolos e as funções estruturantes são elaborados também pela sincronicidade.

Isso ocorre com direitos iguais de expressão regidos pelo Arquétipo da Alteridade, que é o arquétipo que propicia a criatividade psíquica mais diferenciada para a realização plena do ser humano.

E o torcedor do Botafogo, considerado por muitos como "supersticiosos", observam uma série de fatos ocorrendo para visualizar além, sob o aspecto das coincidências significativas.

Por exemplo, a última vez que o Botafogo foi campeão brasileiro, em 1995, o Palmeiras havia sido campeão no ano anterior.

Naquele mesmo ano, o Fluminense foi campeão carioca (gol de barriga do Renato Gaúcho contra o Flamengo) e neste ano repetiu o feito.

No carnaval do Rio de Janeiro de 1995, a Imperatriz Leopoldinense foi campeã e a Porto da Pedra subiu para o grupo especial, assim como aconteceu agora, em 2023.

No dia 12 de julho de 1995, foi apresentado o técnico Paulo Autuori, que naquela época chegava de Portugal e foi campeão brasileiro com o Glorioso no mesmo ano.

E em 12 de julho de 2023, foi apresentado o técnico Bruno Lage, que também chegou de Portugal e assinou contrato até o final deste ano.

Os dois primeiros jogos do Autuori tiveram o placar de 1x1 e 2x2. O mesmo placar dos dois primeiros jogos do Bruno Lage como técnico.

Em 1995, o Botafogo tinha um jogador baixinho, Iranildo, que encantou a torcida e tinha uma música exclusiva, assim como Segovinha, atual jogador, é baixinho e já tem música cantada.

Edmundo, jogador do flamengo, naquela época, provocou o argentino Zandoná e levou um tapa, o mesmo aconteceu com o Pedro, jogador do flamengo hoje, emitido pelo seu preparador físico argentino.

O time do Brasil feminino não era eliminado da Copa do Mundo, na fase de grupos, desde 1995, o que aconteceu neste ano.

E relacionado a este torcedor, ocorreu enquanto eu escrevia esse artigo, um amigo mandou um “zap” para mim.

Neste, continha um vídeo de idosos, segundo ele, ensaiando uma coreografia para o título brasileiro de 2023 com a música do Segovinha, inclusive postei o vídeo nos meus stories.

Será que esses fatos devem ser considerados “superstições” ou sincronicidades?

O que podemos observar disso é a importância desses fenômenos que passam despercebidos por muitas pessoas.

Lembra do exemplo da roupa azul encomendada, onde a pessoa recebeu uma preta, bem no dia que um membro da sua família faleceu, conforme escrevi no texto mencionado anteriormente?

Pois é! A causalidade é um conceito pouco questionado. E ir além do paradigma da causalidade é fundamental para compreender a influência mútua dos eventos passados, presentes e futuros.

Assim como da dinâmica dos complexos (padrões de pensamentos, emoção e comportamento), sonhos e outros aspectos do inconsciente.

Visto que a ciência compartimentada e disciplinar limita essas possibilidades.

Como explicar, cientificamente, esses fatos retratados em relação ao time do Botafogo e a sua atual performance no campeonato brasileiro?

“Quer dizer que você acha que o Botafogo será campeão com base nessa sincronicidade que para mim não passa de uma simples coincidência ou superstição?”

O objetivo desse texto não é gerar esse tipo de polêmica, mas apresentar diferentes eventos que podem estar ligados não só pela causalidade, mas também pelo significado do acontecimento, no sentido simbólico.

Assim, a Psicologia Analítica e a Psicologia Simbólica, podem te auxiliar na observação desses fenômenos através da análise dos sonhos e do trabalho com o inconsciente.

E a separação do conhecimento da matéria e do conhecimento da psique inconsciente começou no século XVII com a ascensão do racionalismo.

Portanto, quando destaco esses acontecimentos em relação ao Botafogo, posso ilustrar aquilo que o raciocínio lógico causal é capaz de alcançar, bem como aquilo que lhe escapa.

Ou seja, há um pensamento racionalista, que está relacionado à adaptação do homem a sua realidade externa e à capacidade de reflexão dele.

E outro pensamento não-dirigido, não-verbal, associativo, que geralmente chamamos de sonho, causalidade, e por essa razão a lógica racional têm dificuldade em apreender.

Neste último pensamento, Jung atribui importante valor e coloca destaque na composição de seu método para explorar o inconsciente.

Tornando-se assim, o maior desafio ao modo lógico do pensamento que é a hipótese da sincronicidade.

Von Franz, psicoterapeuta analítica, diz que esses fenômenos de sincronicidade são imagens do interior que se relacionam significativamente a eventos exteriores de forma não causal.

Em outras palavras, tais fenômenos revelariam a existência de um padrão na natureza, anterior à consciência humana. Logo, este conhecimento independe da mente consciente.

Por fim, é essa coincidência cheia de sentido que define o princípio sincronístico. Este indica que existe uma conexão.

Ou respectivamente uma unidade de acontecimentos que não têm entre si nenhuma ligação causal, e desse modo representam um aspecto da unidade do ser.

Assim, o sentido surge em meio ao acaso e essa interconexão é experienciada por nós como sincronicidade.

Compreendeu agora o que eu quero dizer?

“Não, isso é fanatismo! Talvez acredite, se o Botafogo for campeão.”

Tem futebol para isso! Basta continuar com humildade, dedicação e o espírito de família que faz fortalecer o amor pelo que se faz.

Mas, ressalto, não deixe de observar os fenômenos sincrônicos na sua vida, pois quem vivencia isso, toma um sentido simbólico que pode se tornar premonitório.

Bem diferente da superstição, que nada mais é que uma crença sem base na razão ou no conhecimento, que leva a criar falsas obrigações.

Jung resumiu tudo isso, numa única frase: Sincronia é a realidade sempre presente para aqueles que têm olhos para ver.”

Boa reflexão!

Ah! E como o futebol é uma paixão nacional, peço sua licença para aproveitar esse lindo momento do futebol glorioso, deixando uma última mensagem:

Segue o vice-líder, porque o Botafogo disparou! Rsrs.

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