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O QUE SE AJUSTA AO TEMPO, SE AJUSTA À VIDA

Foto do escritor: Michel BezerraMichel Bezerra

Atualizado: 29 de set. de 2021

Todo mundo espera mais da vida do que a própria sobrevivência. Existe no tesão uma forte vontade, e um pouco do mundo que ainda falta é o objeto desse tesão. O momento em que vivemos é um momento fértil, porque podemos desejar quase tudo, e podemos atribuir valor para esse desejo. No entanto, vincular sua vida a ter coisas pode te levar a um poço sem fundo, onde sempre faltará algo para você ser plenamente feliz.

Toda civilização tem uma forma de organizar a sociedade, sob pena de que ela se torne um caos. O mundo escolar e do trabalho são exemplos desse processo. Acreditamos piamente que a vida boa ainda está por vir, mas nos esquecemos que a nossa vida é muitas vezes levada com uma certa obviedade. Por exemplo, veja como o mundo está cheio de pessoas buscando vencer metas e competições, e quanto de nós gastamos essa energia vital atrás de uma superação sem fim. Atribuímos nossa potência de agir a coisas que depois relativizamos e daí surge aquele questionamento próprio: será que valeu a pena dispender tanta energia nisso? E nossa alegria é que depois de esquecermos esse sentimento, agimos mais potentes do que antes, e, por fim, voltamos àquele já conhecido questionamento.

Em nossa sociedade as pessoas podem ser vetores da nossa alegria, basta lembrar dos amigos e da família. Quem não gosta de uma boa conversa, uma boa amizade, de ter no outro a esperança do encontro? Mas o que falta para acontecer esse encontro? Talvez mais um nascer do sol ou uma lua cheia. E diante disso, ficamos esperando o próximo dia, na crença de que estaremos vivos. E quando esse dia chegar, se chegar, como um raio, surgirão inúmeros desencontros, chamados de atribuições da vida cotidiana. E nós, impregnados pelo sentimento do dever, deixamos mais uma vez aquele encontro sonhado para priorizarmos as questões não pensadas, porque refletir custa energia e nesse momento não tenho tempo para isso. Daí eu te pergunto: qual é o preço que você está disposto a pagar para não ter tempo para você?

Um filósofo, que admiro muito, perdeu a visão recentemente, e um dos seus questionamentos era: “Por que não dei a devida atenção ao nascer do sol? Ver mais as pessoas que amo? Observar mais as pequenas coisas que passam despercebidas?” Diante das suas indagações, pensei, por que ele, filósofo, não viu a vida com mais sentido, e só se deu conta quando perdeu um dos seus sentidos? Será que nessa vida estamos dispostos somente a viver no automático? Será que perdemos a paixão de alvitrar a nós mesmos? Qual o mal que há em viver da forma que você gosta? O seu discurso está alinhando com o seu comportamento?

Lembro-me de um documentário que questionava, “quanto tempo o tempo tem". Nesse documentário, são retratados os diferentes conceitos de tempo, em diversas civilizações e porquê alguns de nós nunca têm tempo o suficiente. Por que priorizamos algumas questões não relevantes em decorrência de outras? E diante dessas prioridades, será que estou sendo coerente com quem eu sou? Eu sei quem eu sou?

Lendo esse pequeno artigo, talvez muitos não consigam responder a todas essas perguntas, pois ainda procuram suas respostas. Diante desses dilemas, o que gostaria de afirmar, num sentido mais amplo, é que: o que se ajusta ao tempo, se ajusta à vida, seja na vida automática, seja na vida vivida. A diferença é só você quem pode sentir, e para te ajudar nesse processo, o que posso fazer, nesse momento, é te questionar reiteradamente: o que você faz do seu tempo traz sentido para sua vida?

Boa reflexão!

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1 Comment


Antonio Lima
Antonio Lima
Sep 18, 2021

Meus parabéns Michel! Gostei muito da matéria. Uma reflexão desafiante!!!

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