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DOR X SOFRIMENTO


Você vive uma dor ou um sofrimento?

Na nossa cultura, há uma crença de que uma vida realizada é aquela que você só desfruta das coisas boas.

E que você só vive bem, se tiver prazeres intensos e ostensivos, sem sentir dor ou sofrer. Isso é possível?

“Não!”

Então, por que nas redes sociais não costumamos ver posts de sofrimento ou dor?

Há quem afirme que o sofrimento é diferente da dor, pois esta é uma manifestação intrusiva, ou seja, de uma experiência corporal.

“A alma inteira encontra-se recolhida na estreita cavidade do molar”, disse W. Busch, sobre o poeta que sofria de dor de dente.

Nesse sentido, a dor te desconecta das demais situações da vida, quando se trata de uma emergência. Ela é uma manifestação evidente de que você existe na sua singularidade.

Mas a dor, apesar de ter um caráter real, que se impõe, ela é ao mesmo tempo um fenômeno subjetivo, ou seja, cada um tem uma atitude diferente para lidar com ela.

Por exemplo: quantas pessoas você conhece que já viveu uma experiência dolorosa, por questões estéticas, colocar um piercing ou fazer uma tatuagem?

Já o sofrimento, está relacionado com algo existencial, da questão de ser no mundo, face aos questionamentos inquietos a respeito do sentido da vida.

“Eu sofro tanto, por não ter me encontrado profissionalmente.”

“Isso é nada! E eu que estou preso injustamente.”

Então, o sofrimento, pode ser compreendido como: infelicidade, mal-estar, desordem, injustiça…, ou seja, um sistema de representações e simbolizações da vida.

“Eu continuo achando que a dor emocional e física é a mesma coisa, não consigo estabelecer uma diferença.”

Para Terapia de Aceitação e Compromisso há diferença e vou te mostrar através de um exemplo.

Imagine que seu vizinho te chamou para um churrasco e você ficou tão animado que já saiu correndo pra casa dele.

E ao passar pela sala da sua casa, bateu o dedo mindinho na quina da mesa, com tanta força, que esmagou ele.

Ao ler isso, você sentiu dor?

“Sim! Até franzi a testa e mexi todos os dedos do pé.”

Observe que você reagiu a uma situação imaginária. Podemos afirmar então, que o pensamento pode simular uma dor física.

Agora, imagine que você foi para o Catar, país sede da Copa do Mundo de Futebol, e ao fazer um passeio pelo oriente, você ficou preso na areia movediça.

Como um comportamento natural, para escapar daquele lugar, você faz força com os pés para tentar sair. E cada vez que você realiza esse esforço, mais você afunda.

Então a solução é se acalmar, evitar movimentos bruscos e abrir os braços para aumentar a superfície de contato e boiar na areia.

Este exemplo, te traz algum sofrimento?

“Sofro só de pensar!”

E diante da vida, como você reage a dor ou sofrimento?

“Eu busco na bebida, a fuga dos meus pensamentos, a morte do meu sofrimento. Mas, no dia seguinte, o dia não é outro, volta tudo de novo.”

Em vez de você gastar sua energia, tentando expulsar uma emoção que insiste em retornar, que tal abrir um espaço para ela existir e poder passar?

“E como eu faço isso?”

Muitas pessoas não acreditam, mas a psicoterapia pode ajudar! Ela te auxilia a gerir com autonomia e eficiência as dificuldades e desafios da vida.

“Mas eu já fiz terapia e não deu certo.”

Se a seleção brasileira perder a Copa do Mundo, você vai deixar de torcer para ela?

“Não! Eu acredito de novo, afinal mudam os jogadores!”

Então, por que você deixa de acreditar em si mesmo?

Só existe sofrimento, quando a capacidade de controle e de elaboração das sensações e das representações ficam ultrapassadas.

Isto é, quando as capacidades intelectuais se esgotam, a repercussão emocional dificulta o psiquismo, abafando a atividade intelectual e a capacidade imaginativa.

E acabamos reproduzindo e consumindo modelos de vida, sem questionar aquilo que eles têm produzido em nós.

Colocando-nos a serviço de um vício pautado por um modelo de recompensa: “a bebida alivia meu sofrimento.”

Mas não será esse pensamento uma “areia movediça”?

Portanto, tente compreender de que modo a experiência do sofrimento e da fraqueza fazem parte da sua vida.

Busque pensar além dos discursos reclamatórios (“minha vida não tem sentido”) e negacionistas (“sem a bebida, eu vou viver em sofrimento”).

Esses discursos minimizam a potência da sua existência.

Não permita isso.

Encontre possibilidades de desvios desse modo de pensar, visando tornar o cotidiano mais leve.

E registre: “Com o copo de bebida sempre cheio, o coração fica vazio.”

Compreende?


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