Na vida a dois, habitualmente, provamos algo à medida que o outro valida. Não basta dizer: “Eu te amo!” Você tem que provar!
O que é um pensamento racionalizado e uma ideia emotiva? Num discurso caloroso entre o casal, existe mais discernimento ou emoção? Quais respostas exigem algum tipo de comprovação?
Existem discursos que se esquivam da realidade vivida, como: “eu não pedi para casar, mas se alguém fez com que eu casasse, o culpado não sou eu.” Nessa narrativa, há racionalidade ou emoção?
E quantos relatos semelhantes são emitidos durante a vida matrimonial? Mas, com qual finalidade?
Há uma frase que diz: “o amor que morre com mentiras, não ressuscita com desculpas.” E certas mentiras demonstram a verdade, mas tem gente que quer provar o contrário.
O tipo de escolha feita de forma racional, difere da emotiva.
Agir com as emoções parte da provocação, por algum estímulo sentimental ou em razão de um acontecimento. Já a racional, pela capacidade de exercer o próprio juízo.
E diante da vida conjugal, nota-se um desequilíbrio entre esses sentimentos. Mas qual deve prevalecer numa relação?
Quando disseram sim no “altar”, rejeitaram o não!
E presume-se que essa escolha foi feita com consciência, apesar do lado emotivo do momento. Mas perante uma dificuldade relacional, isso não acontece, a emoção toma conta. Por que será?
Observe que as brigas de qualquer relacionamento estão, geralmente, sujeitas a diálogos que envolvem dinheiro, ausência de companheirismo, infidelidade e falta de atenção. E a prova cabal é demonstrar ao outro quem detém a razão.
Diante disso, o importante não é mais relacionar-se, mas sim, provar-se! “Você sabe que eu tenho razão, por que insiste nisso?”
Não seria a inconsistência do que um espera receber e o outro tem a oferecer, que estremece a relação?
A beleza subjetiva, autônoma, individual dá sentido a uma solução amigável, quando se é sincera. Mas muitas acusações são feitas por causa das dores envolvidas e o que poderia ser delicado se transforma em apontamentos. “Quer que eu te prove?”
Escrever uma história a dois, consciente, é redigir um “script” racionalmente, isto é, sem que a emoção ultrapasse a linha do discernimento.
Não se repete o gesto de alguém com sentimentos intensos e contundentes, pois o diálogo pode se tornar dramático.
É você o dono da sua trajetória, mas existem variáveis que você não controla. O que você domina não necessita de prova, pois já tem sua validação.
Lembre-se, você é juridicamente dono do seu nariz, mas não existencialmente, ou seja, as leis resguardam seus direitos, mas você não domina as imposições da vida.
Ninguém é igual a ninguém, mas você pode ser melhor que você mesmo. Portanto, lidar com o outro é abdicar de suas características inquisitivas, em prol de uma união ou separação conciliadora.
Encontre sua própria voz através de um “treino”, como faz aqueles que desejam ficar com músculos na academia.
A prova de qualquer ação não está no ato em si, mas em cultivar e guardar o que é consistente para ambos, juntos ou separados.
Na busca pela confirmação do “eu”, cada um constrói um sentido e ele não é muito explicável para o outro. E adianta insistir em revelar seu modo de ser como correto, até quando? O que você quer provar?
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