Quando você olha para sua vida desde o momento em que nasceu até hoje, faz sentido seu jeito de ser? Será que você veio ao mundo, somente, no ano em que despontou para a vida? Como foi a construção desse “eu”?
Descobrir um sentido que conduza a um ponto necessário, pode ser considerado um defeito nos dias atuais. E por sermos frutos de uma historicidade, procuramos explicação nela. Mas de fato, seu passado justifica suas ações presentes?
Nós somos muitos criativos para inventar falsas declarações de vida e quando decidimos delegar nossa existência a reação do outro, como ocorre por meio dos “likes” das amizades, é possível ocorrer um esvaziamento quase que automático do nosso ser.
Isso gera reações infindáveis de sentimentos e essa sensação pode perambular no tempo. A resposta justificável da vida não é universal, mas pertence a cada ser humano.
A afirmação de que “sou eu quem construo a minha própria trajetória de vida” também é uma alegação histórica.
Ter uma visão teleológica, a que relaciona um fato a uma causa final, olhando apenas para o passado, é mais uma tentativa de argumentar que só podemos chegar onde chegamos, em razão dos acontecimentos vividos.
Isso vale para a história da humanidade e da vida.
A ideia de causa pretérita não pode ser o único elemento utilizado para explicarmos nossa vivência.
Porque ao identificarmos apenas esses fundamentos, ignoramos o espírito otimista, as oportunidades do momento e o fato de que as grandes economias podem ser atingidas por ações não controláveis, como uma pandemia. E isso nos afeta!
Então concluímos, que o vivido hoje também é elemento de construção, ou seja, o que se vive não está ligado necessariamente ao passado, em muitos casos, apenas a nossa justificativa.
Não devemos pensar como se já conhecêssemos o resultado, mas sim resgatarmos aquilo que pode agregar a um objetivo.
Não é porque o acontecimento “Y” ocorreu, quando você tinha “X” anos, que sua vida é o que é atualmente.
A construção baseada nesse fato pode até marcar, mas não pode te definir para sempre. E graças a esses episódios, devemos ser reconstruídos indefinidamente e realçar as inúmeras possibilidades de nossa existência.
A capacidade de identificarmos causas é natural. Mas sobre o foco da física quântica, por exemplo, não podemos afirmar que isso é em razão daquilo.
E alguns recusam esse conhecimento, sobre o viés da estranheza, pois como explicar onde cheguei, sem as interpretações do que me fizeram alcançar até aqui. Não trabalhar essas ideias gera um tipo de narrativa justificável.
O objetivo proposto é compreender o conjunto de fatores que podem levar ou não a uma situação. A história possui suas contradições, isso é inegável, e parece ser menos lógica do que supomos.
E nos diversos níveis históricos, tentamos entender como funciona aquele momento. Somos frutos de uma historicidade, mas esta não nos explica, pelo contrário, apenas ilustra certa ocasião.
Não existe futuro do pretérito em história, não podemos fazer ciência sobre ilusões. Mas é possível identificar alguns comportamentos e analisá-los constantemente.
Nesses casos, a retórica mais comum é: “se eu não criar um sentido, ele será criado por outro.” Qual é a finalidade desse argumento? Você justifica essa resposta?
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