A filosofia é uma ciência das questões existenciais, espirituais, sob o aspecto de sentido da vida e não religioso. Ela tem o poder de avaliar o não banal e de repensar esse mundo, num sentido mais significativo, além de ser basilar, inclusive, na crise, na perspectiva de como você pode se organizar emocionalmente. O casamento é um exemplo! Nele existem períodos de desentendimentos, mas nem por isso a pessoa deixa de amar na primeira briga. Logo, entender a si mesmo para compreender melhor o outro, pode ser aprofundado, desde que se disponha a ter um propósito, que é a ferramenta essencial para se desenvolver uma filosofia de vida.
O mundo vai se apresentando ao homem de forma cada vez mais sofisticada e o homem vai se aperfeiçoando para entendê-lo. Essa interação acelerada faz desconectar o homem da sua essência. Talvez, entorpecido pela velocidade do mundo que ele se dispõe a conhecer, o homem não tenha se preparado para uma reflexão profunda, ou seja, mais próxima dele. Essa vida, vivida na “velocidade da luz”, nos remete a um despreparo da existência, fruto da falta de tempo, e muitas perguntas ficam sem respostas, na relação de identificar nossos sentidos humanos à condição de seres únicos na natureza, como o pensar e aprender a agir diante do casamento.
Questões que estejam presentes na inquietação do cotidiano do casal fazem a filosofia e a psicologia terem um olhar analítico sobre as certezas mais aplaudidas, seja na reflexão de discursos internos, que ficam fora de circulação, bem como em pensamentos pertinentes sobre aquilo que é dito. A capacidade de olhar para os discursos repetitivos e ofensivos, a fim de identificar os pensamentos inconvenientes, sem enunciar as mesmas palavras já conhecidas que deixam a relação doentia, vai te permitir refletir e elaborar um discurso diferente da linguagem aprendida, resultando na alteração do sistema.
A realidade é de tal maneira, tão rica, que por mais que dominemos as palavras de um idioma, ainda sim, serão insuficientes para expressar nossos sentimentos mais íntimos, considerando a riqueza que o homem possui internamente, como o sentimento do amor. E diante de tanta riqueza, por que utilizamos as palavras mais desconexas da presença afetiva? Perceber nossa natureza, diante da vida a dois, leva-nos à convicção das diferenças de quem se assemelha. Você não pode exigir que a bananeira dê maçã, mas pode adubá-la e regá-la para que os frutos sejam vistosos.
Não pensar naquilo que dizemos tem consequências duras, circulando como palavras que diminuem, aniquilam e limitam a relação a dois. A vida vivida com o outro deve ser voltada para a intimidade da consciência, para que uma ideia seja construída e não para que destrua a relação, por mais que decidam ficar juntos ou não. A origem do que povoa essa consciência é sistêmica, aprendida na interação, e pode te permitir analisar o discurso repetitivo e inconveniente de décadas. A matéria-prima da consciência são as palavras, e quando inseridas numa rede discursiva, podem dar o tom grosseiro, desrespeitoso, e trazer à pauta, apenas, a sua verdade. E essa produção foi aprendida, na maioria das vezes, na sua relação com a família de origem e é replicada na interação com o outro.
Portanto, a sofisticação para produzir uma relação prazerosa cobra de você recursos para que seja solicitada sua atenção para refletir e renunciar alguma coisa que você não estava preparado. Quanto mais provocada a situação, mais necessário se faz estimular pensamentos que fujam do habitual. Marcar essa mudança é viável e vem da reflexão. Essas provocações ajudam a exercitar e aprender a se pensar melhor, não só na vida do casal, mas também na vida em sociedade. Fácil? Não é! Mas muitos julgam que pensam muito bem e que são os donos da razão, e eu te pergunto: você também é assim?
Uma ótima reflexão, pois a vida a dois exige tb muita renúncia, em benefício mútuo.