Quer ser livre? Sim ou não? A liberdade é um exercício que tem diferentes sentidos e nossa existência depende das escolhas que fazemos.
Durante os séculos XIX e XX surgiu uma filosofia chamada existencialismo.
Essa filosofia faz a gente refletir, com um dos seus representantes, Sartre, sobre um homem livre e condenado à liberdade.
Essa condenação à liberdade refere-se à nossa liberdade de escolha, pois independentemente da situação, sempre está nas nossas mãos.
Porém, é muito comum agir de má-fé, negando a liberdade e a consciência, ou seja, um modo de negar a si mesmo.
Como a liberdade incomoda e traz angústia, muitas vezes, somos acostumados a inventar coisas do tipo:
“Tive que cuidar dos filhos, por isso não prestei vestibular.” “Seria um grande artista, mas meu pai me obrigou a cursar direito.”
Sempre procuramos alguma coisa que nos tire o protagonismo de nossa liberdade, ou seja, para fugir daquilo que somos.
Será que o homem nasceu para viver um “personagem”? Se partirmos do pressuposto de nossa subjetividade, não é o homem que se mantém preso por si só?
Aquele que não vive sua essência, existe, mas pode estar imitando alguém. Quem?
Se o homem é livre para escolher, por que insiste numa opção que o aprisiona?
Os valores impostos pela sociedade trazem várias acusações que procuramos responder constantemente.
“Não se deve dar passos maiores que as pernas.” “Não se deve lutar contra a força.” “Toda ação que não se apoia numa experiência está condenada ao fracasso.”
Esses provérbios censuram os nossos objetivos. Amedronta a teoria do “quem eu sou”, da liberdade de ser.
Mas não seria isso um estímulo para as escolhas acontecerem? “Ser ou não ser, eis a questão”, a famosa frase de Shakespeare.
O homem é aquilo que ele faz de si mesmo, e esse é um princípio existencialista.
Entretanto, o homem antes de ser, nada é! Então, a partir de sua projeção num futuro é que passa a ser.
Logo, não é possível negar, uma existência que precede a essência.
E como devemos entender essa angústia existencial?
Muitas pessoas dizem que são donas das suas escolhas, mas mascaram isso.
E quando mentimos para nós mesmos, não estamos em paz com nossa consciência.
Sendo assim, a própria angústia constitui a condição de uma ação, porque pressupõe a existência de possibilidades.
O homem fica desamparado, porque não encontra nele próprio e nem fora dele algo para se agarrar.
E sem ajuda ou apoio, a possibilidade de inventar um “novo homem”, a cada instante, é muito maior.
Hoje sou isso, amanhã aquilo, mas na verdade, nunca fui quem eu verdadeiramente sou.
“As páginas do amanhã” estão em branco. Qual é a sua análise na relação com o mundo?
Quando se quer alguma coisa, há sempre elementos prováveis. O reino das possibilidades requer ação livre e não “doutrinas”.
Não existem respostas prontas e definitivas para sua liberdade de ser.
Beauvoir tem uma frase que diz: “O homem é livre; mas ele encontra a lei na sua própria liberdade.”
Apesar disso, reforço, sempre há a perspectiva dessa independência. E para isso acontecer, depende de que ato?
Segundo Sartre, você não foi condenado à liberdade? Então, por que persiste em não se libertar?
O significado da sua existência é parte da liberdade que você não pode se furtar.
Se você é o que é hoje, foi porque eliminou outras possibilidades.
E o que determina isso, são as ações realizadas e não aquilo que você poderia ser.
Enfim, ser quem você deseja não é tarefa das mais fáceis, mas é possível, a partir da sua liberdade de ser e não das desculpas dadas.
Sempre devemos considerar as condições limitantes como "desculpa" para não ser/fazer o que queremos? Sempre temos escolhas, mas ao meu ver a liberdade de ser e fazer o que se quer existe restrições decorrentes de escolhas anteriores de nós mesmos.
Excelente o texto. Sempre temos que ser protagonistas de nossas histórias.
Abraço
DIOGO