A classe social, a sociedade que você integra, a família onde você foi educado, sua escolaridade, as pessoas que encontra na vida, tudo isso influencia seus pensamentos de tal maneira que se pudéssemos nascer exatamente como nascemos, num cenário totalmente diferente, seguramente seríamos outra pessoa, do ponto de vista do contato das emoções, dos comportamentos e da nossa construção e interação como pessoa. Então concluímos que o outro não é só fundamental para a construção do seu ser aí no mundo, mas também uma matriz do seu processo, ou seja, se o outro não fosse o que é, você não seria o que é, ou seria?
Reflita quantas pessoas passaram na sua vida, do seu nascimento até este momento. O que é ser aí no mundo para você? Se o sentido é aquilo que se mantém a compreensibilidade de algo e a essência reside na sua existência, como dizem os grandes filósofos, onde está a sua conexão para sentir e existir? Presa? Liberta? Por que sempre queremos dar ao curso da vida o que chamamos de vontade própria? E se dessa sua vontade não vier o efeito esperado? O que você faz? Você culpa o outro ou a injustiça do mundo? Quem participa do seu mundo? Quem você deixa participar? Quais são os seus critérios de escolha? E para excluir alguém da sua vida, o que você leva em consideração? Somente a sua construção ou também a construção alheia? Ambas não interagem? Por que? Você está bem certo disso?
Ser no mundo é ser você de corpo, mente e alma presentes. Utopia? Será? Se for isso mesmo, qual a essência que você carrega consigo para te fazer sentido? Você consegue sentir o “aroma” dessa essência? Quem é essa pessoa que levanta da cama, que respira, que vê o sol do dia, a lua da noite, que sente a brisa do vento, a prosa e a poesia que sua vida pode te dar? Por que você se julga melhor que alguém? Talvez, por que você foi “construído” diferentemente? Melhor formulado nas “superiores” famílias? E de onde vem o rancor, a mágoa e o sentimento que você alimenta? Do outro? As “melhores” famílias possuem esses sentimentos ou só as “piores”?
Quando faço essas inúmeras interpelações, será que o faço só por fazer? Você quer compreender essas perguntas ou apenas “passar o olho”? É necessário repeti-las ou você já tem todas as respostas? A leitura está cansativa ou as perguntas são difíceis demais para responder? Ambos? O julgamento é seu e eu respeito, mas e a construção desse artigo, que você parou alguns minutinhos para examinar, não te fala, realmente, nada? De onde você vem, com quem interage ou interagiu, o que lê, o que te enaltece, o que te apetece, o que te entristece, é a forma do que você traz para o mundo, esse é o seu ser aí! E eu também faço parte desse seu mundo, neste momento. Talvez alguns digam que esse artigo traz profundidade, outros, insanidade, mas e aí? E o que devo fazer? Parar ou continuar a escrever? Eu me importo com quem me julga ou me importo com quem me constrói? Ambos não fazem isso?
Ser humano é buscar sentido no que se faz, é acertar, errar, construir, desconstruir, esbravejar, perdoar, sentir, não sentir, falhar, corrigir, questionar, é interagir com o que dói e com o que não dói! Mas muitas vezes só enxergamos a dor e daí resolvemos fugir. Fugir do que te dói, fugir do que te machuca, fugir do que te aflige, fugir da dor crônica, fugir da dor aguda, fugir…fugir…fugir…E fugir te constrói? Quando fugir não ajuda, a gente procura culpados! E de quem é a culpa dessa vez? Aponte o dedo! Mas não esqueça que ao apontar o teu dedo, outros dedos teus te apontam no sentido contrário. E aí? Eu reconheço esses “apontamentos” ou deixo passar tudo batido? Quem vai ficar como o dono da razão? Quem tem mais ou quem tem menos dedos apontados para si?
Que tal buscar se integrar, mergulhar no seu mundo interno e não apenas viver esse mundo externo? Quando você mergulha no seu ser aí, você descobre outro mundo, repleto de sensações, emoções, caminhos, possibilidades, reflexões e acaba por se conectar, inteiramente, com o seu “eu” em mundos que fazem convergências com o que vem de fora e o que vem de dentro. Não tem como separar esses mundos, eu sinto muito te informar.
A vida nos traz surpresas, às vezes boas, às vezes ruins, e eu te pergunto: é possível viver nesse mundo sem dor? Você consegue se programar para atuar conforme a vida de “A” ou “B”, eternamente? Esse é o seu ser aí no mundo? Sua natureza permite essa programação ou reprogramação? É o ente querido que faleceu, é o casamento que não deu certo, é o trabalho que está te massacrando, é a família que está adoecida e você onde está? O que você pensa em fazer? Adoecer? Enaltecer, em você, quem se foi? Matar-se de trabalhar para pagar as contas e viver uma vida de “luxo”? O que você busca? Quem pilota a escolha do seu ser aí no mundo?
Quando você aceita suas convicções, você reconhece a origem do seu “eu” na intersubjetividade, ou você vive só neste mundo, desde que nasceu? E viver sozinho, te auxilia ou te prejudica? Não te vitimiza? O que você sente, o que te afeta no mundo, tem a direta participação de outras pessoas! E quando isso ocorre gera em você um sentimento de dívida ou de cobrança! Quem deve pagar essa conta, você ou seus “credores”? Logo é preciso reconhecer essa origem do seu “eu” na intersubjetividade, na relação, na construção da sua própria consciência, a partir da sua inserção no mundo, que vem de mais alguém, ou ainda não vem?
É preciso reconhecer também que há uma espécie de dívida com o outro e quem não tem que atire a primeira pedra. Além de ser fácil nos darmos conta que nos apropriamos de algo que nos foi dirigido. Agora, seguir com o que você aprendeu é também uma escolha sua! Veja os livros didáticos que fizeram parte da sua vida, os professores, os amigos, o marido, a esposa, o namorado, a namorada, o "ex-", o trabalho, a família e o artigo “bem ou mal lido”, cada um com um conhecimento oferecido. Em se tratando do artigo, alguns bem recepcionados, mas foram mal redigidos, outros bem redigidos, mas foram mal recepcionados. De quem é essa percepção?
E o que fazemos desse conhecimento? Desconstruímos ou reconstruímos? Em tempos atuais, o que se ouve é a presença universal do afeto e ódio entre as pessoas. Mas esse tema não nos convém nesse artigo. Este é o momento de se redescobrir, de explorar, de refletir, de buscar novas possibilidades sobre o seu ser aí no mundo. Que tal começar hoje? Ou você já tem a certeza do amanhã? Agradeço àqueles que embarcam nesse voo e aos que desembarcam, não se preocupem, novos “aviões” aparecerão, só não esqueçam de se deslocar até o “aeroporto”!
Lembro ainda que para refletir são necessárias perguntas, mas não, necessariamente, respostas, sobretudo as prontas. Faça sua conexão, exija seu silêncio, concentre-se, avalie-se e busque o “voo” no seu tempo. A escala e a hora da partida são escolhas suas, mas quando marcá-los, cuidado para não perder o voo. Ainda não existe uma forma de se teletransportar do ponto “A” para o ponto “B” sem o conhecimento desse seu ser aí no mundo e das suas possibilidades. Desejo-lhe um bom voo, independentemente de ser passageiro ou comandante da sua aeronave.
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