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Foto do escritorMichel Bezerra

O PARADIGMA DE SABER QUEM VOCÊ É

Atualizado: 3 de out. de 2021

A vida não tem resposta pronta para objetivamente nada. A finitude é a única certeza que se tem. Mas em virtude do imprevisível que pode acontecer durante a vida, acabamos por nos alienar de vivê-la plenamente. Essa necessidade de ser capaz de agir no mundo, em tudo, impede você de viver sua existência. Às vezes a mente está tão bloqueada pelo “já sei” que você ignora a caminhada em busca da sua essência. Mas quando você está com a mente “aberta” fica disposto a explorar outras vivências.

Você já reparou quantos sentem a necessidade de buscar um sentido para a vida? Alguns não se dão conta de que só vivem um sentimento, como a tristeza. Outros dão ao sentido de viver apenas uma maneira de pensar, justificando, apenas, o seu ponto de vista. Por outro lado, existem aqueles que vivem a vida com mais presença, parafraseando ideias “filosóficas”, reforçando acertos e aprendendo com os erros do que é vivido e observado. Portanto, como percebido, essa palavra sentido não indica apenas um caminho, mas uma dimensão de significados.

Agora, se partirmos do pressuposto de que o sentido da vida transcende a vida vivida, o que fazer para viver o aqui e agora com mais intensidade? Diante desse questionamento, em seu significado mais pleno, essa palavra sentido parece mesmo procurar alguma coisa que esteja fora dessa vida vivida pelos humanos. E se a vida é temporal e o sentido da vida pode não estar na vida, ela, portanto, se encontra deslocada dela mesma, parecendo se encontrar em outra dimensão. E se pensarmos sobre essa existência do sentido transcendente, por que você continua a procurar um sentido para a vida, se ela não encontra espaço qualquer nesse seu mundo existencial? E, ainda, é possível viver plenamente, ao mesmo tempo, em todos os sentidos da vida?

Viver pela metade, por medo, dor ou comodidade, é uma questão intersubjetiva, ou seja, passível de ser vivenciada por mais de uma pessoa. A vivência da dor, por exemplo, é mais desafiadora quando é colocada como o único sentido da vida, como viver sem perceber que você só enxerga o sentimento da tristeza em tudo que faz. Diante dessa afirmação, questiona-se a prioridade do que faz sentido na sua vida e como isso é alimentado pela sua mente. A tristeza como consequência da dor é capaz de tomar conta do seu ser a ponto de não enxergar mais saída. Em razão disso você acaba alienando outros sentimentos seus e possíveis ações na procura do que verdadeiramente sente, mas ainda não sabe que sente, pois está desconectado de você mesmo e consequentemente de outros sentimentos. Já não basta a necessidade de lidar com o vazio da rotina que te consome em virtude de um mundo globalizado, tecnológico, superficial e que faz você abdicar do sentido da sua existência?

Quando a vida é preenchida por um amor absoluto, ela possui grandeza dimensional para você, pois é considerada incondicional e não requer nada em troca, geralmente, no amor de pais para filhos, no trabalho exercido com verdadeiro significado, uma atividade esportiva e outros. E será que diante desse amor o sentido da vida transcende a viva vivida, a ponto de saber quem é você e direcionar sua vida para viver com mais plenitude? Por que alguns insistem em tornar uma inquietação uma grande preocupação? Talvez, quando essa grande preocupação parece não ter fim, como numa doença de um ente querido que recebeu o diagnóstico de uma enfermidade incurável? Ou, então, no casamento em que você apostou “todas as suas fichas” e não deu certo, e agora considera que não existe mais vivência para usufruir da sua liberdade de ser? Esse é mesmo você?

Uma grande preocupação se torna um fato em evidência quando você concentra a sua identificação, apenas, nas consequências que te deslocam do seu “eu” e que fazem você continuar a sofrer e se sentir culpado. Vale a pena o murmurinho eterno de algo sobre o que você não tem controle, ou nunca teve, para deixar de viver uma vida plena? Por que uma grande preocupação faz de você um locutor de uma narrativa sem fim, a ponto de esquecer quem você é?

A voz que é emitida por alguém com significado para você provoca uma contribuição de pontos de vista que vão ocupando, pouco a pouco, espaços na sua vida. Sugestões de como fazer isso ou aquilo são muito comuns e importantes, mas não podem se tornar dominantes no sentido de produzir uma ideia que comprometa a sua posição hegemônica em busca de saber quem você é. Essa voz externa absorve grande parte do seu ser, sob o aspecto cultural da transformação, do conselho, que faz você esquecer o que é certo ou errado diante de suas próprias definições. Será que a solução, nesse caso, é não se deixar anular pela ideologia da adequação, para poder viver sua vida plenamente?

A vida nos proporciona inúmeras perguntas que merecem respostas, sobretudo quando dizem respeito a nós mesmos. O fato é que a vida vivida na velocidade de um “raio”, como já é bem sabido, não deixa tempo para refletirmos sobre nossas próprias contestações a ponto de ficarmos esperando alguma reposta pronta no próximo “artigo”. Logo, não é melhor você escrever o seu próprio “artigo” com o objetivo de saber quem você é, ou prefere continuar vivendo esse seu paradigma sem qualquer reflexão? De quem é essa escolha?

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