Qual o seu diagnóstico?
A mente não é algo palpável, então posso afirmar que ela é imaterial, pois é a nossa memória, sensações, pensamentos e nossa visão atual.
E se ela não está em nenhum lugar do cérebro, mas é a parte funcional deste órgão, podemos dizer que ela é uma relação, uma abstração, e que nem por isso deixa de existir.
Freud, por exemplo, formulou ideias revolucionárias sobre a mente inconsciente. Como você acessa este inconsciente?
Essa descoberta abriu vastos territórios, como: associação livre, interpretação dos sonhos, análise do significado das palavras, símbolos, cultura…
“Eu sinto uma dor no peito toda vez que volto para casa.”
Ao descobrir que um sintoma tem um significado, é possível basearmos o tratamento nessa hipótese.
E quantos sintomas são causas das relações humanas?
“Fiz uma bateria de exames e não fui diagnosticado com nada. Não consigo entender essa dor no peito quando volto pra casa.”
Um significado pode não ser o produto da causa, mas da criação do sujeito. Você já foi diagnosticado com o “isso é psicológico"?
Quando entendemos essa diferença, o diagnóstico pode não estar na ciência químico-física, mas na relação da pessoa com o mundo, com o outro e consigo.
Essa distinção entre o modo científico e o humanístico de pensar, pode ser crucial para desmoronar um argumento.
“Você acredita que depois da psicoterapia, descobri que o motivo da minha dor no peito era a minha relação conjugal e não uma “confusão mental” relacionada ao AVC (Acidente Vascular Cerebral)?”
A relação causa-efeito pode ser melhor compreendida quando você consegue estabelecer uma diferença entre a interpretação e a explicação.
“Ihhh, complicou. Você pode me ajudar a interpretar essa explicação da frase anterior?”
Já ouviu falar na história do filósofo que gostaria de saber onde estava o casamento dos seus amigos?
O filósofo foi visitá-los, na noite de natal, e viu na garagem os carros, a árvore de natal com brinquedos, os filhos, e a mesa farta. Mas não se conformava, pois não conseguia ver o casamento deles.
O casal sentou no sofá e disse para o filósofo: “o senhor pode observar que estamos casados, mas não poderá ver o nosso casamento, pois este é uma abstração que, assim como a mente, existe.”
Então, podemos inferir que no nível psicológico, a distinção reside na capacidade dos seres humanos de verem coisas como mortas ou como vivas.
Se você julga seu relacionamento como morto, quem pode explicar os termos da causa?
Agora, se o seu relacionamento é visto como algo que te mantém vivo, de quem é o mérito?
“Hum…estou começando a compreender. Mas como pode a relação entre um casal ser categorizada como algo morto ou vivo?”
Categorizar algo como vivo ou morto é decisivo para a metodologia do pensamento, visto que a fronteira entre vida e morte marca o limite da nossa capacidade de agir.
E é possível identificarmos o que está morto, quando não existe distinção entre movimento e vida.
“Mas eu nunca acreditei na Psicologia. Isso é coisa para gente doida.”
Será que isso é psicológico?
A retirada gradual de uma projeção que te conduziu a um mau entendimento e à descrença sobre essa ciência, vai depender do seu grau de sofrimento.
“É verdade! Eu só procurei um Psicólogo, porque não aguentava mais procurar um comprimido para exterminar aquela dor no peito.”
A referência biológica envolve a identificação dos sinais e sintomas, raciocínio clínico e a correta leitura dos exames, além do histórico do paciente. Isso é medicina!
Preocupação excessiva, medos ilógicos, baixa autoestima, falta de esperança, tristeza generalizada, sentimento de culpa… Isso é psicológico!
Portanto, lidar com a mente humana é saber lidar com o que “está vivo e o que está morto”, questionando por que as coisas acontecem, a fim de responder os “motivos” da mente.
O que te trouxe até aqui?
“Compreender o que a ciência biológica não pode responder.”
Essa coragem é para poucos. Seja muito bem-vindo!
Lembre-se: onde existe vida, há significado.
E para que você encontre este significado, é necessário um sujeito espontâneo, caso contrário, nem o filósofo e nem você conseguem enxergar um sentido.
Compreende?
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